terça-feira, 14 de agosto de 2012

Leonardo Tanaka, Relações Públicas na Renault do Brasil, fala sobre mídias sociais

Por: Giovana Lima, Jociane Richter e Priscila Razzotto


O acesso às redes sociais não para de crescer. Segundo pesquisas, o brasileiro gasta em média 4,8 horas do seu dia conectado. Os usuários das mídias sociais criam e compartilham seu conteúdo, e como consumidores, são também influenciadores de opinião. Por isso, já é uma estratégia das empresas o monitoramento dessas mídias. Não somente o acompanhamento, mas a interpretação, análise, e estratégias visando à melhoria de seus produtos e serviços, e esta é uma importante área de atuação do profissional de relações Públicas, o posicionamento da marca e o planejamento de novas ações.

Convidamos Leonardo Tanaka, Relações Públicas que atua na comunicação interna da Renault do Brasil e foi aluno de RP na Unibrasil, para nos falar um pouco mais sobre:



Blog RP: Como as redes sociais influenciam no desempenho de funções do profissional de RP?
Leonardo Tanaka: As redes sociais podem servir, dentre outras utilidades, para dar voz ao público em geral, pois até a popularização desta ferramenta, não havia uma fonte informativa que possibilitasse manifestações imediatas. O público era impactado por qualquer informação e na maioria das vezes, não conseguia expressar sua opinião, quando muito enviavam cartas aos jornais ou telefonavam aos 0800. Até os últimos 5 ou no máximo 10 anos, eram poucos os problemas com companhias públicas ou privadas que inflamavam alguma manifestação pública de grande relevância e abrangência.
A grande influência dessas redes em nossa profissão de RP é a necessidade da construção da resposta rápida, um melhor planejamento de ações visando minimizar erros, uma boa administração e prevenção de crises, mas principalmente, da preparação de pessoas para responder a estas demandas de manifestos.
Blog RP: Quais são os pontos positivos?
Leonardo Tanaka: Sem dúvida o termômetro instantâneo que foi criado – As redes sociais indicam um acerto ou erro em determinada campanha com muita rapidez. O que seriam dos “pôneis malditos” da montadora Nissan, se não existisse Twitter ou Facebook?

Uma possível rejeição a esta campanha em questão (o que de fato não aconteceu) poderia, por exemplo, poupar a publicidade da empresa de veicular a propaganda em TV aberta (que tende a ter um custo muito mais elevado).
Outro ponto positivo das redes sociais, pode ser o crescimento e reconhecimento da nossa profissão - O Relações Públicas pode ser também profissional que trabalhará junto com o publicitário no estímulo às respostas e manifestações positivas em uma rede social. Mas será também aquele que vai “gritar” para a empresa a necessidade de um novo planejamento ou mudança na estratégia.
Blog RP: Quais os pontos negativos?
Leonardo Tanaka: Exatamente o mesmo do positivo. Esta resposta rápida do público, com alta velocidade na comunicação e manifestação é bem-vinda, porém passam a ser crítica quando não há um monitoramento na rede.
Um boato pode se espalhar rapidamente, formando muitas opiniões, mesmo sem ser verdade. Como RP, nosso papel é monitorar e analisar qual é a imagem da nossa empresa na rede. Quando necessário, publicar nestes veículos notas oficiais impedindo que algo maior seja criado, quanto mais tempo demorar a responder, maior o caos.
A Rede Globo sofreu um boicote com o “dia sem Globo”... Manifestação criada na rede social Facebook. Dificilmente alguém iria para a rua protestar e sugerir tal evento. De fato, talvez o impacto na audiência não tenha sido tão significante, mas do ponto de vista empresarial, foi algo extremamente negativo para a marca, para as ações da empresa e seus patrocinadores, pois mostra uma tendência do público a rejeição.
Outra situação foi com a RPC que teve seu veículo oficial flagrado em uma vaga exclusiva para deficientes físicos, a foto circula pelo Facebook causando indignação em que vê, mesmo não tendo informações se a foto é legítima, a imagem da empresa foi ferida.
Blog RP: Para as organizações, quais os pontos que ainda podem ser abordados nas redes?
Leonardo Tanaka: As organizações ainda estão muito impessoais em suas comunicações digitais e parecem desconhecer o poder das redes sociais. As respostas às manifestações são padronizadas e parecem servir apenas para “calar a boca” imediatamente do consumidor e não para mostrar a verdadeira preocupação em resolver os problemas dos clientes.

Há uma grande oportunidade de estabelecer diversos tipos de relacionamento com este público: criar embaixadores, defensores da marca... Identificar pessoas com interesses em comum e fazer uma comunicação direta a eles. Criar eventos, patrocinar ícones e formadores de opinião na web. Enfim, tem um bom caminho de possibilidades no mundo digital.
Um case recente e interessante foi durante o último Festival de Curitiba, onde o ator Diogo Portugal fez uma ação simples, porém funcional. Durante a apresentação do espetáculo Risorama, promotores seguravam tablets e de mesa em mesa, ofereciam ingressos gratuitos para um show do comediante, em troca, o público deveria apenas “curtir” a página do ator no facebook. Ou seja, além de garantir casa cheia para seu próximo espetáculo, quem “curtiu” a página, automaticamente divulgou o dome de Diogo, sua imagem e seu trabalho a todos os seus amigos, ou seja, uma campanha, praticamente gratuita. Parece apenas uma ação publicitária certo? Não apenas isto. Diogo estava no local adequado, executando uma ação de relacionamento, focando em um público específico que ele desejava atingir, usando e abusando das redes sociais, para garantir o sucesso de seu trabalho na vida real. Oportunidade bem aproveitada!

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